DESMAIO
conchas espalhadas mão espalmada
o mar que é seu em mim se desfralda
lambe dor do sol raiado e eu lamento
por toda a vida, em um só momento,
meu coração reconheceu uma morada:
a prata da água na lágrima espalhada
sina marítima de ir e vir, como a onda
porto de nó feito abrindo eterna ronda
procurando o marujo desbravador e só
que num sussurro de beira de cais e dó
me descobrirá entre cordas e barcos
minha alma no abraço dos seus arcos
seus braços levando para longe de mim
os meus olhos fixos no horizonte sem fim.