Jogando Prosa Fora
Tomando café com um amigo, em sua casa, na zona rural, discorremos sobre vários temas de origem simples e tão admiráveis, que nos poderia parecer complexas. Nas trocas de informações, até mesmo jogando prosas fora, ele me fez lembrar e relembrar coisas que vivemos, vimos ou ouvimos, em nosso tempo de criança. Demos boas risadas, ao tocar alguns pontos e fatos passados, que, naquela época, impressionou e até nos amedrontou, chegando, algumas vezes, a constranger nossa alma de menino.
O tema religião e ocultismo, não ficou sem ser cutucado, e foi aí que o velho lembrou de alguns macumbeiros que conhecemos, e comentamos sobre a morte de cada um deles. Incrível, como nossa mente registra e rememora fatos, cenas e falas, pois o velho contou coisas com vários detalhes, dos quais eu mesmo presenciei ou tive informação na época.
O café foi servido, novamente e confesso que as quitandas oferecidas estavam uma maravilha. Sua esposa pediu a ele para perguntar se eu me lembrava do falecido velho Barroso. Afirmei que sim e fiz um curto comentário de uma façanha do velho. Então meu amigo tomou sua xícara, sorveu um longo gole do café fumegante e me disse; senta aí e presta atenção, vou contar uma de autoria do falecido – que Deus o tenha – disse tirando o chapéu e olhando para as nuvens. Estávamos na varanda da casa. Com paciência e atenção, eu ouvi sua narração, viajando na fantasia da lembrança. Por coincidência, ele contou algo que eu sabia, porém com requinte de detalhes. O amigo sabe mesmo segurar nossa atenção. Gostei muito e tencionei (ainda pretendo) contar aos leitores, em outra oportunidade.
Falamos sobre a juventude de hoje, da corrupção política e do comércio religioso. O clima estava tão envolvente, que parecia não ter fim nossa prosa, mas a chegada de alguns de seus parentes nos forçou a fazer um intervalo, mas nos prometemos continuar com as prosas, em nosso possível próximo encontro. Isso eu desejo, com ardor, pois a recepção daquela família, mais os pontos em comum entre nós, deixou em mim uma saudade antecipada. Adoro lembrar o passado.