" Janelas "
Ó flor generosa
Dos momentos de outrora,
Dolorida como um beijo
De partir, na aurora.
Comovida como o gesto de despir
Do amor, o medo
E se servir da mágoa,
Até que a mágoa toda, verdadeira
Agora se vestisse de um sorriso
E iluminasse de perdão
A ilusão, discreta feiticeira.
Se ainda pudesses,
Reinventar um tempo já tão ido,
Aquele tempo multicolorido,
Em que eu ia alegre, seduzido
Feito uma andorinha no verão,
A revoar em tardes de açafrão!
Se ainda sobrasse,
De mim, florisse uma nascente amena
E num jardim, a minha flor pequena
Juntasse à tua alma morena,
E colorisse um verso de canção
Que fosse derretendo pelo vento,
Como uma vaporosa oração.
E eu me abrisse em portas e janelas!
E tu te abrisses em muitas aquarelas!
Quem sabe a vida desse para imaginar,
Que eu fui feliz!
" Aos filólogos do sentimento "