Condenada pelo sonho
Muitas línguas dizem ao mesmo tempo do excesso de cenários de frustrações,
em todos os idiomas e dialetos, ouço dos quatro cantos do mundo sobre o desencanto,
a reprovação, a angústia e ao abandono.
Porém, se assim for, meu destino está traçado,
pois não há nenhum outro caminho que eu deseja seguir,
mais do que desejar, suportar seguir.
Procurei nos divesos sonhos e pesadelos,
na razão, na insconciência e na alucinação do meu eu
e a sorte não foi lançada.
Suponho que a mim, a sentença foi dada antes mesmo do nascimento,
assim como antes, a morte pela falta do perdão.
O que poderia eu fazer, a não ser dar algum sentido as palavras?
O que poderia eu fazer, se não acreditar nos outros?
O que seria melhor que o ato de lecionar e aprender?
O que seria de mim se não houvesse o apreço pela linguagem?
O que há de ser de mim sem o encanto da transformação ou a infíma tentativa de ver transformar?
Uma certeza habita em mim, ainda que eu falhe, essas falhas serão minhas vitórias, pois como já foi dito antes - eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Pelo desencanto, pela frustração, pela feiúra do sistema, a nojeira das cidades, a ignorância dos povos, a ganância de muitos, a verdade de poucos, pela via do mais pessimista, pela ótica dos desacreditados, o abandono da esperança, o extermínio da vontade e a barreira que delimita o voo.
Tudo isso já me foi apresentado, os mais profundos vales onde jaz os ossos que sustentaram um ser que um dia acreditou. Tudo o que as linguas e dialetos dizem todos já sabem, por isso acredito no fardo, entretanto, também anseio pelo dia em que verei uma flor feia nascer em meio ao asfalto.