O Silêncio dos Versos
Não pairam sobre mim os versos alados,
Nem a ventura ou a mágoa os inspiram;
São frutos do silêncio e do olvido,
Da solidão que o sofrer e o sonhar miram.
Que me pedem as vozes que me cercam?
Que exprima o que não sinto nem imagino?
Que minta a minha dor ou o meu gozo?
Que falseie o meu sonho ou o meu destino?
Não, não me peçam versos; peçam vida,
Peçam amor, peçam glória, peçam luz;
Mas não me peçam versos; são quimeras,
São sombras, são fantasmas, são cruz.