RAINHA DONA MARIA I

Dona Maria, soberana do valente reino

Lusitano e além mar, tua fama ensombra

Como pudeste abrigar em teu peito doentio

Uma alma tão perversa e monstruosa?

Por que direcionaste todo o teu amargor

Contra um homem que nenhum mal lhe fizera?

E os outros inconfidentes, ó ibérica soberana,

Também não mereciam o mesmo fim?

O dinheiro e a influência dos artífices da conjuração

Livrou-os da morte e da ira das tuas garras cruéis

Mas Tiradentes, infeliz e sem sorte,

Foi esquartejado para o teu sádico deleite infernal.

Dize-nos, louca rainha, por que tanto ódio

Nesse teu arbitrário julgamento tão impiedoso?

Não bastava o enforcamento do pobre Tiradentes?

Por que cortá-lo em pedaços?

E derramar seu sangue mineiro pelo caminho?

Ó "piedosa" defensora voraz da fé católica,

Seguidora Daquele que teve morte semelhante na cruz,

Não vês que tua crueldade é um desvio da justiça divina,

E que tua alma está manchada de sangue inocente?

Dona Maria, mataste de forma crudelíssima um homem

Cujo pecado foi apenas o de sonhar com a liberdade...

Tão pequena

Tão frágil e

Tão monstruosa

Maria!!!