Pedaços
Os pedaços de meus cacos
Desfragmentam-se uma vez mais
Porém os ajunto em muitos maços
E os carrego comigo à beira do cais
Aguardo ansiosa por uma jangada
Bem construída, que não se desfaça
Não custe-me a alma, que seja de graça
E leve minha mente à Terra do Nada.
Quiçá para a Ilha do Reinvento
Onde tento e retento de novo o intento
Lugar onde o tempo é amigo do vento
Que venta depressa e me cura a ferida
E sopra em mim a alegria da vida
Então eu recebo um novo alento.
Meus sonhos viajarão com as nuvens
Empurradas pela brisa matutina
Quando se desfizerem as ferrugens
Serei novamente aquela menina
Que brinca, que ri e zomba da Agrura
Mulher que é criança, mas já é madura
Menina-mulher, de alma mais pura
Ainda bem frágil, mas experiente
Nobre guerreira, de pura inocência
Que já não revive os açoites da mente
Porque transcendeu a antiga existência
No fim do arco-íris viu pote de ouro
Mas dentro de si foi que achou o tesouro...
Texto inspirado na poesia "Marca registrada", da poetisa Ane Rose, alguém que acima de tudo escreve com a alma.