O retorno pra si
Do interior ouve-se insistente voz:
Acolhe-me nas profundezas
de tua floresta,
Receba-me com flores mortas nas mãos,
Acolha-me eternamente.
Se o próprio ser pede pra ser recebido
Seu pródigo caráter demonstra a perda
Dentro de um corpo.
Estar vagando em voltas ininterruptas
Como um indigente pode ser real.
Deixa-me fazer morada perpétua
Que queiras-me mais que mil sóis
E necessites de mim mais que as chuvas.
Dizendo estas palavras difíceis de serem ditas
E belas demais para serem
apenas escutadas,
O ato de querer-se pra si é totalmente plausível quando está-se perdido do lado de dentro por algum motivo - as estradas internas intrafegáveis
afloram isto.
Mas há tantos perigos e tanta beleza nas estradas!
Dos caminhos que se almejariam
O mais difícil e belo é o de retorno a si
Em busca do sentido da existência
Ouça esta voz que dita o regresso ao que eras em essência:
Prenda-me em teus braços mesmo fracos
Beija-me a fronte lentamente e faça-me sentir que sou pertencente.
A arte do ser na existência
É não negligenciá-lo
Se há chances de se refazer
Acolha-o nas profundezas de teus infindos bosques
E deixe que cante mais uma vez
A canção da vitalidade.
A permissão de seguir um instinto divino em ti é dada pela própria existência
E retorna, obedece a voz voltando a ter uma alma que esteja onde exatamente deveria viver e permanecer.