O retorno pra si

Do interior ouve-se insistente voz:

Acolhe-me nas profundezas

de tua floresta,

Receba-me com flores mortas nas mãos,

Acolha-me eternamente.

Se o próprio ser pede pra ser recebido

Seu pródigo caráter demonstra a perda

Dentro de um corpo.

Estar vagando em voltas ininterruptas

Como um indigente pode ser real.

Deixa-me fazer morada perpétua

Que queiras-me mais que mil sóis

E necessites de mim mais que as chuvas.

Dizendo estas palavras difíceis de serem ditas

E belas demais para serem

apenas escutadas,

O ato de querer-se pra si é totalmente plausível quando está-se perdido do lado de dentro por algum motivo - as estradas internas intrafegáveis

afloram isto.

Mas há tantos perigos e tanta beleza nas estradas!

Dos caminhos que se almejariam

O mais difícil e belo é o de retorno a si

Em busca do sentido da existência

Ouça esta voz que dita o regresso ao que eras em essência:

Prenda-me em teus braços mesmo fracos

Beija-me a fronte lentamente e faça-me sentir que sou pertencente.

A arte do ser na existência

É não negligenciá-lo

Se há chances de se refazer

Acolha-o nas profundezas de teus infindos bosques

E deixe que cante mais uma vez

A canção da vitalidade.

A permissão de seguir um instinto divino em ti é dada pela própria existência

E retorna, obedece a voz voltando a ter uma alma que esteja onde exatamente deveria viver e permanecer.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 20/04/2023
Código do texto: T7768780
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