OUTONO DA ADAGA
Convidemos o mal
Para as bodas da Inocência,
Esmaguemos as uvas
No breve lagar da aurora
Pelo discernimento
Possível na alegre fúria.
Já não faremos mártires,
Órfãos da piedade alheia
Às portas do Sagrado,
E mal deixaremos rastro!
Instruídos na guerra,
Temos o vírus da terra.
Falésias presunçosas
E o que dali descartamos!
O escoar dos grãos de areia
Não nos intimidará
Pois nosso é o tempo exato
De amar e de aborrecer,
Nossa é a efígie da glória,
Nosso é o trunfo da verdade.
Inalemos o sal
Do outono junto ao Atlântico,
Sobreviventes, loucos,
Magos, déspotas, hienas,
Vultos sem rosto em sonhos
E delírios coletivos.
Eis o porvir da adaga,
Eis as crianças proféticas!
.