PELOS CÔMODOS DO TEU CORPO.
Pelos cômodos do teu corpo
Morada etérea onde habito
Refugiada de mim mesma
Da escuridão, peço abrigo.
Ao chamado que me impele
Tão mais n’alma que na pele
Ao encontro me atiro
E me escondo em teu abraço
Que protege e me conduz.
Pelas armadilhas do tempo
Cedo-tarde, claro-escuro
Cerro os olhos pra te ver
Antes que a luz acenda o dia
E traga as horas no amanhecer.
Pelos cantos do teu corpo
No teu peito me procuro
Aconchegada à tua cintura
Marco do tempo; o ponto zero
Dos dias idos, de longa espera.
Pelos encantos da tua alma
Conjugo meu corpo junto ao teu
Vivendo agora de uma só vida
Por onde batem em união
Duas metades dum coração
Que nos acasos de outras sinas
Foram reféns do amor-paixão.
Elenice Bastos.