Ansiedade
Escavei o chão com o bater do meu calcanhar
Limitei minhas unhas ao seu local de nascença
Rasguei a pele dos dedos em dermatofagia
Para aliviar a constante agonia
Que consta, de fato
Todos os dias
Em minha mente.
Um comboio desgovernado
Trazendo consigo um monte de desgovernanças
Uma lambança generalizada de pensamentos catastróficos
O diabo é realmente o maior aliado do ócio
E definitivamente posso provar:
Em cada trago dos meus cigarros
Cuja fumaça intoxica uma carne fraca
Que, por sua vez, é alimentada por sangue ácido
Que corrói cada parede de cada veia que percorre
Filtrado por órgãos atarefados, cansados
Que doem quando não deveriam doer
Tarde demais para remediar,
Cedo demais para morrer,
Tempo exato de definhar.
Ouvidos que não ouvem nada
Alma velha e desencantada
Decantada de mim;
Destilada enfim.
Deixando apenas um resíduo
Que teima em gritar
Em ver-se como indivíduo
Enquanto bate o calcanhar.