Magistral engano
Terrível via
Magistral engano
Dos próprios sentidos torpes
Que formulando uma sensação
Obriga-nos a senti-la num todo
Claro - sentir é um requisito
A vivo estar
E as ilusões são como
Um lago sem peixes
Em que se deseja pescar
Pouco a muito
Nada ou tudo se alcança
O tempo passa
E estamos mais perdidos
Em nós mesmos
Sem saber do próprio paradeiro
Das verdadeiras emoções
Que desejaria que estivessem
À frente ou ao lado
Do próprio corpo
A alma sentou-se em um concílio
Em oratória se falou
À todo o resto do ser
Que a vida é maleável
E que deseja o controle ter
Ao encontro de tudo isso
Se entrevém a vontade inacessível
Dos desejos e dos quereres
Da real mentalidade
E do raciocínio que perscruta o ser
Quer entender o que se passa
Neste corpo e alma
Tão conflitantes
E os sentidos se riem sozinhos
Eles sabem que vencerão a guerra?
Numa bélica disputa
Por controle e atenção
No fim das contas
O homem é mero experimento
De si mesmo
E é por isso que sempre digo:
Dar voz às possibilidades dos sentidos
É como estar num barco solitário
Num mar imenso
Onde se está completamente
À mercê da própria morte.
Se isso é bom ou ruim, vale ainda assim algo sentir?