Magistral engano

Terrível via

Magistral engano

Dos próprios sentidos torpes

Que formulando uma sensação

Obriga-nos a senti-la num todo

Claro - sentir é um requisito

A vivo estar

E as ilusões são como

Um lago sem peixes

Em que se deseja pescar

Pouco a muito

Nada ou tudo se alcança

O tempo passa

E estamos mais perdidos

Em nós mesmos

Sem saber do próprio paradeiro

Das verdadeiras emoções

Que desejaria que estivessem

À frente ou ao lado

Do próprio corpo

A alma sentou-se em um concílio

Em oratória se falou

À todo o resto do ser

Que a vida é maleável

E que deseja o controle ter

Ao encontro de tudo isso

Se entrevém a vontade inacessível

Dos desejos e dos quereres

Da real mentalidade

E do raciocínio que perscruta o ser

Quer entender o que se passa

Neste corpo e alma

Tão conflitantes

E os sentidos se riem sozinhos

Eles sabem que vencerão a guerra?

Numa bélica disputa

Por controle e atenção

No fim das contas

O homem é mero experimento

De si mesmo

E é por isso que sempre digo:

Dar voz às possibilidades dos sentidos

É como estar num barco solitário

Num mar imenso

Onde se está completamente

À mercê da própria morte.

Se isso é bom ou ruim, vale ainda assim algo sentir?

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 17/04/2023
Reeditado em 17/04/2023
Código do texto: T7766273
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