A cela se tornando lar
As palavras me fugiram
Agora se escondem em algum lugar
Junto com as rimas e com as metaforas
Que eu tanto usei pra me expressar
E agora fica tudo guardado em mim
E isso parece não ter fim
Essa estranha agonia
De saber que não sou quem era
Quando eu sabia o que eu sentia
E as palavras fluiam
Quando eu me libertava
Da única forma que eu sabia
E agora o silêncio e a inércia
São as minhas novas correntes
Me mantém presa em dúvidas
Com medo do que vêm a frente
A cada dia que passa
Me acomodo mais na nova cela
São paredes que eu mesma coloquei
Pra me isolar com minhas mazelas
Sem magoar ninguém
Sem perder o controle
Sem dizer o que penso
Um cachorro obediente ao dono
Me tranco aqui e espero
Que tudo não pareça um caos
Mas acho que no fim
A cela se tornará meu novo normal