APÓS A CHUVA

Sem lágrimas à beira-túmulo,

Tudo parecia então já visto,

Sonho recorrente entre mentiras

Que às vezes funcionam tão bem --

Não, ele não chora nem lamenta,

Tediosa hora lenta.

Ri do fálico nimbo cúmulo

Abençoando aflições, falso Cristo

Na manhã de sacerdote e loiras

Antes do conveniente amém,

Se o céu já não promete tormenta

Ou mesmo água benta.

E após esse teatrinho esdrúxulo

Que fazer delas, dessas pessoas

Chegando e partindo o tempo todo?

Nosso 'arbeit macht frei' não funciona

A contento feito velho forno

Sem manutenção.

Repugnante cinza do instante

Sem lágrimas, sem lenço e algo cruel

Contra o fundo baço desse abril,

Será um prodígio da razão

Que se compraz em si, bela e pura

Como os crimes justos.

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