AOS MEUS SAGRADOS

É sagrado pra mim o tilintar do medo, o relutar da fé,

a ferrugem da saudade,

a esquisitice das almas.

Também é sagrado o suor das certezas,

o requebrar atônito do recomeçar,

a inquietude soberba do perdão.

É sagrado pra mim o berro da espera,

a caatinga azeda da inveja,

o engasgo atroz da ilusão.

Também é sagrado a rima alucinada do gozo,

a ranhura avessa da verdade.

É sagrado pra mim a fronha abençoada do dever cumprido,

o sangue robusto do respeito.

Também é sagrado o chão perfumado da dor,

o manto ofuscante da dúvida.

É sagrado pra mim o rastro deixado por Deus,

o aveludado querer-bem dos bichos.

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 15/04/2023
Código do texto: T7764675
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