AOS MEUS SAGRADOS
É sagrado pra mim o tilintar do medo, o relutar da fé,
a ferrugem da saudade,
a esquisitice das almas.
Também é sagrado o suor das certezas,
o requebrar atônito do recomeçar,
a inquietude soberba do perdão.
É sagrado pra mim o berro da espera,
a caatinga azeda da inveja,
o engasgo atroz da ilusão.
Também é sagrado a rima alucinada do gozo,
a ranhura avessa da verdade.
É sagrado pra mim a fronha abençoada do dever cumprido,
o sangue robusto do respeito.
Também é sagrado o chão perfumado da dor,
o manto ofuscante da dúvida.
É sagrado pra mim o rastro deixado por Deus,
o aveludado querer-bem dos bichos.