POEMA TRINCADO.
Haverá segredos nas rugas
deste coração que vira mar
quando o amor inunda a tarde
e forma marcas e aranhões?
Vórtices , turbilhão que gira,
canta fino as cordas do coração,
abre o bico o pássaro homem,
quando a desilusão lhe poda.
Na terra dura do amor,
o poema já nasce trincado,
torto, manco, murcho, afável,
com cara de risos, mas com dor.
O eco das flores ameaçam florir.
o amor quando vira poema é belo,
taça cheio de medos , incógnita.
tudo escurece quando o amor foge.
Nas rochas que se escondem no mar,
os corais se atracam, se aplacam,
são frias pedras neste resto de tarde,
onde o poeta se dissolve.
Chora o poeta ,dói os aranhões,
o corpo da amada vira lâmina,
sangra, como sangra a desilusão,
ele se desfaz, virá corpo sem espirito.
Metáforas resvalam em seus cacos,
os vazios vão se enchendo de dedos e mãos,
um vento sopra o telhado da tarde,
o poeta se sucumbe a está prisão.