Desordem
Queria tanto falar das flores
Mas elas murcharam
Desde a última primavera
Nem o perfume deixaram
Restaram apenas as dores
Perambulando nas celas
As lembranças gotejam
Do teto encardido de mofo
E espalham seu cheiro fétido
Morcegos voejam
Num voo cego e tolo
Nos espaços desérticos
O chão encharcado de lágrimas
É o único que me acolhe
Pois conhece minha história
Página por página
Meu medo me encolhe
E trai minha memória
Dentro de mim, tudo espalhado
Não consigo juntar
Tudo tudo misturado
Não sei por onde começar
Simplesmente sento
E olho a desordem
Meus olhos se movem
Meu corpo preso
Perdido nos pensamentos
Interação do Poeta Joaquim Veríssimo Ferreira Filho
As flores vão rebrotar
Pelas gotas de lembranças
Há de haver esperança
A cada lágrima que pingar
Se de mim tú precisar
E depositar confiança
De certo vou te ajudar