Desordem

Queria tanto falar das flores

Mas elas murcharam

Desde a última primavera

Nem o perfume deixaram

Restaram apenas as dores

Perambulando nas celas

As lembranças gotejam

Do teto encardido de mofo

E espalham seu cheiro fétido

Morcegos voejam

Num voo cego e tolo

Nos espaços desérticos

O chão encharcado de lágrimas

É o único que me acolhe

Pois conhece minha história

Página por página

Meu medo me encolhe

E trai minha memória

Dentro de mim, tudo espalhado

Não consigo juntar

Tudo tudo misturado

Não sei por onde começar

Simplesmente sento

E olho a desordem

Meus olhos se movem

Meu corpo preso

Perdido nos pensamentos

Interação do Poeta Joaquim Veríssimo Ferreira Filho

As flores vão rebrotar

Pelas gotas de lembranças

Há de haver esperança

A cada lágrima que pingar

Se de mim tú precisar

E depositar confiança

De certo vou te ajudar

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 13/04/2023
Reeditado em 19/04/2023
Código do texto: T7762717
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