Grão

De implosão em implosão,

Meu peito de aço ruiu

Explodiu... simplesmente explodiu

Foram muitas as pancadas

Apunhalando o coração

E hoje estou devastada

Não poderia resistir para sempre

A represa estourou

E as lágrimas guardadas

Jorraram, desaguaram

Num rio que não tem fim

O que restou?

Caí e me reergui tantas vezes

Que não me dei conta

De minha fragilidade

Escondida atrás da fortaleza

Para onde foram as certezas?

A dúvida é uma afronta

Que põe em risco a sanidade

Pensei que era muralha

Mas sou apenas grão

Uma imensidão de palha

Que o fogo consumiu

Deixando rastros pelo chão

Hoje não sei quem sou

Nem mesmo o que busco

Tudo é tão vazio

Que não há como preencher

O mundo cruel, rude, brusco

Como não perecer?

As palavras se perdem no vento

As imagens se dissipam no ar

Mil emoções, nenhum pensamento

Resta fechar os olhos e dormir

E, ao acordar? Enfrentar ou fugir?

São tantas vozes sussurrando,

Pedindo , implorando, gritando...

Não sei de onde elas vêm

Do mundo ao redor?

Ou de dentro de mim?

É o começo? Ou o fim?

Sinto fome, não tenho apetite

Sinto-me presa, sendo livre

Quero gritar, mas não tenho forças

Quero ficar em silêncio

Mas as vozes não calam...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 12/04/2023
Reeditado em 12/04/2023
Código do texto: T7762125
Classificação de conteúdo: seguro
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