A morte

Pronta para o começo

do tétrico ritual,

friamente,

a sombria Morte

adentra o portal

e se põe junto ao leito

do infeliz moribundo

em pânico total.

Depois dos sobressaltos da agonia,

sombras, luzes, gritos, ventania,

o corpo, enfim, jaz sossegado,

vencido o turbilhão da travessia.

Agora, em completa sonolência,

de cova, apenas, tem maior urgência!

E a terra boa e quente que o espera

para florir, além da primavera,

no mais silente e prolongado inverno.

O corpo frio conforme,

ao seu lúgubre uniforme!

Alheio aos fundos lamentos

dessa gente tão modesta

que prosseguirá na vida

sujeita a mais sofrimentos,

refém de tantos caprichos

do tempo incerto que resta.

O corpo inerte reclama

a extrema necessidade,

revelada em seus humores.

O mais urgente desejo

de viver a etapa nova

de tão profundo mistério,

aconchegado na cova

do sombrio cemitério!

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 12/04/2023
Reeditado em 16/07/2023
Código do texto: T7762055
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