A morte
Pronta para o começo
do tétrico ritual,
friamente,
a sombria Morte
adentra o portal
e se põe junto ao leito
do infeliz moribundo
em pânico total.
Depois dos sobressaltos da agonia,
sombras, luzes, gritos, ventania,
o corpo, enfim, jaz sossegado,
vencido o turbilhão da travessia.
Agora, em completa sonolência,
de cova, apenas, tem maior urgência!
E a terra boa e quente que o espera
para florir, além da primavera,
no mais silente e prolongado inverno.
O corpo frio conforme,
ao seu lúgubre uniforme!
Alheio aos fundos lamentos
dessa gente tão modesta
que prosseguirá na vida
sujeita a mais sofrimentos,
refém de tantos caprichos
do tempo incerto que resta.
O corpo inerte reclama
a extrema necessidade,
revelada em seus humores.
O mais urgente desejo
de viver a etapa nova
de tão profundo mistério,
aconchegado na cova
do sombrio cemitério!