Prenúncio
Já sinto aqui dentro que esta noite tu não virás.
Sinto tão certa a tua ausência
que a minha alma abatida, tensa,
profundamente entristecida
cruelmente me entorpece.
Esta noite eu pressinto que tu não virás.
E já começo a traçar na mente estranhas figuras
e alheias criaturas libertinas ao teu redor.
E sei que de mim não tens nem dó.
Esta noite, eu sei que ouvirei bem alto
o interminável silêncio falar o som espaçado
e o caminhar dos fantasiosos fantasmas
que virão me acompanhar.
Eu prevejo que esta noite tu não virás
E amanhã, quando chegares,
terei contado os minutos implicitamente
e, inerme, olharei a tua face pérfida
e uma vez mais mergulharei
concentrada e cauta em um discurso
de frases inúteis e suspiros tácitos.
Umbelina Marçal Gadelha