EM VIAS

EM VIAS

A via láctea sumiu de vista

Eclipsada pelas luzes de led

Penduradas em postes

E que permitem ver

A olho quase nu

( Uso óculos )

Apenas a via asfaltada

A artificialidade da luz

Menor que a minha

Artificialidade de inteligência

Permite-me ver faróis de carros

Em menor número e menos ruidosos

Que motos de escapamento aberto

Que rodam de cima a baixo

Com seu inconfundível bibi

Vez por outra um pedestre

Ou um transeunte

Cada vez mais transgênero

E menos generoso

Invade a via gerando vias de fato

Com grupos em conserva

Sem prazo de validade

E a cidade cresce em preconceito

Jogando por terra o iluminismo

A violência se espraia

E não morre na praia

Morre em cada esquina

Em cada via ou melhor

Viela

Porque as veias e vias estão entupidas

De sangues coagulados

E o céu não é mais testemunha

Por problema dos iluminados

Transformados em trevosos

Mortos em vida

Olhos cerrados de humanidade

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 08/04/2023
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