Poeta do Absurdo

Sua musa é inalcançável neste seu tempo de ocaso

De vida, mas, ainda assim, sua loucura se renova

E sonha que a tem, não como musa do seu Parnaso,

Mas como a linda bacante da sua alcova...

E o seu sonhar com ela é viciado zelo,

Pois nessa hora, vestida de desejo, ela vem vê-lo.

Sua ilusão o amarra à musa em insano laço

E louco, insistente, nos poemas sempre a põe

Toda sua, embora em tempo escasso,

Na alcova dos versos que compõe.

Sonha!... Mas o coração dela sempre parece

Miragem do deserto que o amanhece.

E, então, na noturna praia do coração,

É o fantasma da sua ilusão que passeia,

Herdeira deste sonho vão,

Pois se olha e só se vê inútil grão de areia

Fascinado pela visão da longínqua estrela,

Mas tão loucamente ansiando por tê-la!...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 07/04/2023
Reeditado em 07/04/2023
Código do texto: T7758311
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