O Ninho Azul
Dorme
A noiva das apoteoses,
Vestido de flor amassado
Na esperança de um beijo.
Dorme a sonhadora trêmula
Nua, com os cabelos da estação.
Dormem os soldados maltrapilhos,
Os lábios de ouro encardidos.
Nos cantos, na beira de um tédio;
Espreguiçam vagarosamente
À convulsão letal.
Os lençóis translúcidos
Cobrem a pupila de âmbar
E as feridas da ocasião:
- Escoriações retóricas, atos;
As promessas de paixões
Deitam cansadas no lume
Dos últimos sonhos.
Dormem todos!
A noiva das apoteoses,
O palhaço da Praça XI,
O contínuo lascivo,
O riso não rido.
Dorme o assombro, o medo,
A prece fluida dos vadios
E o cachorro chamado “pinguim”.
E eu, a avistar as estrelas,
O negror das florestas falantes,
O ninho azul dos sentidos,
A Compor esses versos tortos
- Perdi o sono.
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@edu.cassilhas