Palavras Descalças

Sinto a maciez da voz do vento

que me sussurra versos

em fios, em cores distintas

E teço meus caminhos,

minhas estradas e meus ninhos

por onde mergulho sem medo

Com o cheiro que vem

da orgia das ventanias,

anuncio a brevidade

que se eterniza como poesia

E componho meus ritmos,

meus gritos que pulsam

e ecoam com as minhas incertezas sem currais,

sem vendavais úteis,

sem as mazelas desumanas

de olhares sombrios

que inibem e desabrigam

os sopros de Beleza

nas esquinas do nosso dia a dia

E Galopo nas minhas verdades que se metamorfoseiam

como sementes em afluentes de rios com sede do Sagrado refugiado pelo engodo

de sub humanos encarregados de solapar a arquitetura

de sonhos

Com as texturas das veias

das nuvens cálidas e raras

eu componho os meus dias

com a sabedoria das horas

que perpassam minhas incertezas

E danço como um louco

regido pela beleza da música que tosta os meus tímpanos

minha pele, meu Sorriso

e minhas Lágrimas

Me arrepiando por inteiro

colorindo o cio por Bonitezas

E com os meus pés nus

que ousam escrever palavras descalças tão bonitas de tão invisiveis!

E com o calor da minha pele nua, rubra de tão morena, bonita de tão preta,

com meus poros evaporando átomos matizados de euforia, suspiro com o alívio do gozo

de pulverizar com os cheiros que orbitam a atmosfera serena das minhas manhãs e tardes e noites

E que faço esboços sonhando

E sinto vertigens, calafrios,

as vistas escurecem,

meus ouvidos aguçam

E com minha alma se esquenta,

como meu corpo tremula,

com meus cabelos negros

em volumes ondulantes dançando com a volúpia do gozo de viver sem rédeas,

sem sobejos lineares,

vulgares de tão cegos

E com as doses da beleza

dos instantes que me nutrem

e me enlouquecem

permaneço inquieto,

arrepiado pelo prazer de sentir a vida cutucar os verbos únicos que aguçam meu Existir

E Rio Só, Sozinho

como passarinho fora de casa, em Alto Sertão à beira do nada

E canto Versos como as Flores que desvirginam a brisa do Amanhecer com sua truculência de ser Poesia Viva

E canto orações que movem suspiros, arrepios e solidão

engravidando a lua com seu poder de sedução

E sem razão eu vivo mergulhado por entre as nervuras dos instantes que eu apalpo com meu sorriso vagabundo, sujo com as palavras que colho nas margens

da minha caminhada solitária

E do menino bonito que me habita, me inquieta e me inspira

Afogado na des-razão de flores- ser raízes com as cicatrizes da leveza de ser sonhador e poeta sem letras em muros, sem palavras em livros

E as coreografias dos meus rastros suspiram,

E meus desertos transpiram alívios fertilizados

pelos devaneios

que me alimentam

da Alucinação de respirar

as cores que perfumam

meus instantes

Se é Delírio ou Loucura

Se é Martírio ou Destino

Pulsa em mim desejos tortos,

Queimam em mim sonhos nus

Ardem em mim overdoses

de intuições que miram

meus futuros alicerçados

em esculpir meus sonhos

tão bonitos e serenos

de tanta imersão nos exercícios de respirar minha Existência

arrebentando o meu peito

com a força da poesia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 06/04/2023
Reeditado em 06/04/2023
Código do texto: T7757346
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.