Olhos que sorriem
Olhos que sorriem
O meu sorriso tem uma nascente nos meus olhos brandos
Não preciso rasgar os quentes lábios para jorrar encantos
Ele se esconde por entre a folhagem verdejante arborizada da alma
Numa voz calada em semente de paz docemente calma
Ele é mais puro que qualquer evidente e feiticeira gargalhada
Essa que vive à superfície na pele soalheira dormente pousada
É na profundidade longínqua que ele sempre existe
E se oferece em felicidade nua para quem sabe bem em que consiste
E os meus olhos nasceram assim profundos e lentos
Até parecem alheios aos mundos e poeticamente desatentos
Mas na verdade quem os fez desenhou-os atentos com o lápis do sentimento
Talvez por isso o meu sorriso tem uma nudez que vem de dentro
E quando por eles passam poeiras suspensas que se oferecem em viagem pelo céu
Fecho os olhos a esta aragem dos que mentem e guardo em recolhimento o sorriso meu que é teu
Luísa Rafael
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Porto, Portugal