Segunda-feira (Chicotinho da Culpa)
Páginas de petições
páginas de socorro,
muita psicologia de hoje
à sexta-feira.
“Auto-ajuda”; “Peça-ajuda”
“Dê-ajuda”; “Busque-ajuda”
“Busque-a-vida”, Ah …!
Eu ADORO as segundas-feiras.
Todo mundo doente, triste
todo mundo gripado, todo mundo
presente, porém ausente…
Toda a ressaca do mundo.
Misturam-se a grandes planos
grandes mudanças, que jamais
acontecerão.
Passos mecanizados em grandes obras
que começam hoje e acabarão na tadinha
da sexta-feira.
“você vai mudar
a partir da manhã de hoje”
A cidade inteira
em modo avião.
Seria engraçado se não fosse
tão trágico o quanto cada um
fica frágil na segunda-feira.
Basta o tropeço, basta a internet
que ficou lenta ou caiu, basta a virose,
a lordose…
a consciência que volta,
a inutilidade e a culpa
a memória que volta…
Paus e bocetas saindo do
banho fedendo a sábado.
Sentimentos de titânio
presos em fios de nylon.
Agora basta um olhar crítico
do mundo… em você.
Um olhar do vizinho, um olhar
do parceiro, um olhar da amante
um olhar dos filhos, um olhar do
Da mãe e do pai,
um olhar do POVO,
em você.
Um olhar de você,
em você. Ah…!
Eu ADORO segundas-feiras.
Toda a culpa e tristeza
no olhar das pessoas,
eu amo isso!
Cara de labuta;
chicotinho da
“culpa”, “culpa”.
De ver que sábado de noite
cabeças e corpos valiam uns cem mil
e agora não valem nem um.
chicotinho da
“culpa”, “culpa”…