Poesia: 165 - Tributo à Albert Camus
que absurdo é a vida,
não há razão que a explique.
as metafísicas são ilusões da fé.
esta vida presente é tudo que temos.
a morte encerra toda a nossa existência.
outra vida depois dessa não passa de delírios.
o desejo de outro mundo revela o desespero humano.
a fé na vida futura nos faz renunciar a vida presente.
este mundo duplo que afirma o céu e nega a terra
transformou a esperança numa fé cega e alienante.
esqueceram da sabedoria dos mitos dos gregos antigos?
que a esperança foi um dos males dados aos humanos.
uma maldade enviada para enganar os tolos virtuosos.
resultado da mau compreensão do mito de Pandora.
a vida não carece de futuro ou esperanças metafísicas.
"o mundo é belo, e lá fora não há salvação" diz Camus.
esta vida única lançada ao inexorável acaso do destino.
existir diante dos acontecimentos incontroláveis da vida e ainda ter que fazer escolhas, eis aí o absurdo do viver.
toda a existência a mercê da imprevisibilidade da vida.
"sentir os laços com uma terra, o amor por certas pessoas, saber que sempre há um lugar onde o coração pode encontrar descanso - já são muitas certezas para a vida de um homem"; eis aí algumas escolhas que ainda são possíveis neste mundo absurdo do poeta Camus.
o sentido da vida é a vida que temos neste mundo.
todos os propósitos da vida encerra nela mesma.
o absurdo da vida é querer da vida algo além dela.
na vida a contingência reina sobre a frágil razão.
a vida não é boa nem má, ela é o que é e nada mais.
não há uma lógica - um sentido - otimista ou pessimista
que regem o universo ou a vida de cada um de nós.
o absurdo é querer arrancar da vida algum propósito.
não há um sentido na vida, nela reina o imprevisível.
o absurdo da vida estão nas escolhas que devemos fazer diante dos acontecimentos da vida que não escolhemos.