Amor imperfeito
Abri o pequeno silabário sujo de tinta…
Saltaram aranhas armadeiras,
Víboras e mil centopeias.
Lobos a uivar…bruxas a praguejar,
Conluios dos ladrões de Ali baba…
Vi os bosques escuros e frios como catedrais,
com a velha coruja das torres a ulular...
Oceanos…iras...tumultos e monstros marinhos!
Vi a própria escuridão que é também uma teia…
Jamais havia visto tamanho bulício!
Fechei o manuscrito ecoando no denso vergel …
Percorrendo-me a epiderme em fogo um suor frio
Ao ver que não te havia guardado!
Insensatez deste fátuo poeta louco!
Que recorda com saudade nas poeirentas entrelinhas
Dos Espelhos de cristal que tornam perfeitas
as nossas imperfeições…