A menina do olho d'água
desde que era projeto de gente
naquele sacro fluido envolvente
eu golejava inocente escondido
cresci bebendo, algo desmedido
como se fosse uma necessidade
liquefazer-me, após certa idade
evitava a água benta com medo
de replicar são Antônio tão cedo
mas do resto eu bebi um bocado
um dia fiquei muito embriagado
tão diluído, que escorri pelo ralo
percolando o solo nesse embalo
feito mancha, eu pairei no lençol
imiscível por meu bafo de etanol
e o freático cuspiu-me, com nojo
e perpassando a fonte dum brejo
compreendi, então, a minha sina
de ver, do olho d’água, a menina