A menina do olho d'água

desde que era projeto de gente

naquele sacro fluido envolvente

eu golejava inocente escondido

cresci bebendo, algo desmedido

como se fosse uma necessidade

liquefazer-me, após certa idade

evitava a água benta com medo

de replicar são Antônio tão cedo

mas do resto eu bebi um bocado

um dia fiquei muito embriagado

tão diluído, que escorri pelo ralo

percolando o solo nesse embalo

feito mancha, eu pairei no lençol

imiscível por meu bafo de etanol

e o freático cuspiu-me, com nojo

e perpassando a fonte dum brejo

compreendi, então, a minha sina

de ver, do olho d’água, a menina

Antonio L
Enviado por Antonio L em 30/03/2023
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