Rubens e José

Histórias que ainda não sei qual é\

Mas vale identificar/

Rubens vende no sinal\

Se abriga sob a marquise /

De um prédio abandonado\

Na Brigadeiro Farias\

De bombons a chocolates\

Vende para as suas necessidades\

Se diz morador de rua/

José perambula\

Acolhe-se sob a marquise da cantina\

Nada pede\

Mas sempre tem alguém /

Que apenado lhe dá pro almoço/

Lhe dá pro café\

De um lado para o outro\

Fico incomodado/

Na cidade grande/

É difícil ser indiferente/

Porque é pessoa, que nem a gente/

Dou bom dia ou boa tarde/

Mas não consigo perguntar/

O por que deles ficarem encarcerado/

Sem as respostas\

Me pergunto o por quê \

De tudo ser tão diferente/

Seriam viciados\

Temperamentais ou mal acostumados\

Sei que ali há um coração\

Não pode ser gelado\

Mas não sei como ajudar\

Enquanto muitos tem\

Enquanto muitos desperdiçam\

Enquanto muitos ambicionam\

Outros comem a fome\

Encontram na miséria/

Um meio de vida/

Mas o que mais me ensina\

No conto de Rubens/

É a fé/

Um sorriso pra lá de Abaeté/

Ainda que só tenha uma única roupa\

Um cobertor\

Uma vontade louca/

As vezes, uma refeição por dia/

E a gente querendo ser\

E a gente morrendo pra ter\

Vê-se logo, que se precisa /

De pouco pra viver\

Mas ao se abrir o jornal

Quantos não passam anos\

Brigando por poder/

Por coisas matérias/

O que nunca irá lhes pertencer\

No caso de José/

O contra ponto/

De não definir o que é/

Parece um mendigo/

Desiludido/

Com as causas/

Um doente, depressivo/

Retrato de que/

Jamais na vida devemos/

Nos dar por vencidos/