ABISMO
Dia desses, eu atirei meus monstros em um abismo distante tentando salvar borboletas solitárias de jardins monocromáticos
Voltei ao inferno pra resgatar minha alma vestida de cores e riscar poemas sem falar das dores que sinto
Fiz arco íris pintado à lápis enquanto chovia neste meu peito de aço enferrujado
Dia desses, eu abri a janela cinza virada pro infinito, reguei as plantas secas e sonhei sem asas de partidas
Me ví sem vida, escondendo sorrisos, escorregando nas lamas que faço
Me vejo mudado, vivendo num mundo sem muros e preso nas grades que trago
Dia desses, eu virei um monstro perdido neste abismo que chamo de peito.