ABISMO

Dia desses, eu atirei meus monstros em um abismo distante tentando salvar borboletas solitárias de jardins monocromáticos

Voltei ao inferno pra resgatar minha alma vestida de cores e riscar poemas sem falar das dores que sinto

Fiz arco íris pintado à lápis enquanto chovia neste meu peito de aço enferrujado

Dia desses, eu abri a janela cinza virada pro infinito, reguei as plantas secas e sonhei sem asas de partidas

Me ví sem vida, escondendo sorrisos, escorregando nas lamas que faço

Me vejo mudado, vivendo num mundo sem muros e preso nas grades que trago

Dia desses, eu virei um monstro perdido neste abismo que chamo de peito.

Elpidio Tozani
Enviado por Elpidio Tozani em 28/03/2023
Reeditado em 29/04/2024
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