A tua roupa em mim
A tua roupa em mim
Pensei que teria facilidade em tirar a sós a tua roupa que me veste
Aquele tecido de saudade que me deixa louca e a quem para ti despe
Desabotoar cada botão de madrepérola que ouviu os meus gemidos
Acomodados no peito em vibração com voz no labirinto dos ouvidos
Sinto na minha interioridade este cúmplice prazer
Estranhamente a felicidade pura de te ter sem te ter
Sabendo de antemão que para o voo em liberdade necessito te perder
Então recolho as asas nesta nua intimidade o que na verdade também vai doer
O amor é assim dizem até que no sentimento ninguém manda
É como borboleta no jardim que escolhe a flor onde repousa e abranda
Por isso compreendo as tuas dúvidas que te perseguem pelas ruas por onde caminhas
Também as tenho nas mãos nuas que escrevem e são minhas
E assim vivo nesta contradição à deriva que no amor nunca se contradiz
Ando em mim perdida e à tua procura nesta perdição insana de quem ama e quer ser feliz
Luísa Rafael
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Porto, Portugal