Eu vi e ainda vejo
Eu vi o sol nascer e o olhar da vida se pôr,
E a cada dia há algo novo para se descobrir...
Vi a natureza em sua plenitude e esplendor,
E me encantei com sua real beleza a sorrir.
As ruas de cada cidade são um palco,
Onde o cotidiano se revela em cena,
Os olhares vazios, os passos apressados,
A vida é tão imensa nesta alma pequena.
Eu vi a vida passar em minha janela,
E com ela vieram alegrias e dores,
Mas em meu coração reza uma vela,
Que acende esperanças e dissabores.
Há o lírio que brota no delírio da calçada,
Um gato preguiçoso que dorme ao sol,
Uma criança que chora pela madrugada,
Um velho casal radiante como um girassol.
Eu vi a vida: tão frágil, tão triste e breve,
Como um fio de luz que se acende e apaga,
Mas em cada instante, em cada chuva e neve
Há uma beleza que se revela e me afaga.
São esses pequenos e breves instantes
Que fazem esta efêmera vida valer a pena,
São as pequenas coisas burlescas e constantes
Que enchem nossa alma de uma paixão plena.
Eu vi a cidade crescer e se expandir,
E em seus prédios cada enredo se esconder,
E em cada canto há um pouco de mim,
E de cada um que sonha, luta e quer viver.
Assim, eu me deixo levar pelo dia a dia,
Observando cada detalhe com carinho,
E de cada verso escrito fluem sangue e vinho
Que nutrem as motrizes raízes de nossa alegria.
Eu ainda vejo a vida passar, serena e voraz,
Como um calmo rio seguindo seu destino.
Aprendi que a chama da vida é forte e fugaz;
Vede, menino: viver é belo com todos os desatinos.