Valsa do Mar
Segue o exato momento
Em que se vê o mundo girar
Deita na praia ao relento
Vê a Terra repousar
Sente a pele no vento
E se deixa embalar
Senta sem estar atento
Vê a vida passar
Enquanto a visão parte
Rumo ao naufrágio em si
E o próprio ser a virar arte
Condenado a estar aqui
Segue o clamor do vento
Pedindo para voltar
Chora com sentimento
Emocionado a dançar
Sente nesse momento
Um turbilhão se revelar
Ria com um ar sedento
Cansado de apanhar
Enquanto se perde à luz da lua
E a terra já é tão distante
Rezar por uma tempestade nua
Afogando o coração viajante
Sinta nascer no momento
O que se chamará de lar
Siga sentir todo pensamento
Que não leve a nenhum lugar
Siga a carruagem do vento
Até chegar à mansão solar
Sinta seguir o salvamento
Que leva sempre para o mar
Enquanto repousa e passa
Depois que dança e apanha
O mar deixa de ser uma ameaça
A dor entende e se acanha