As janelas da Primavera
As janelas da Primavera
Olho o céu azul com desenhos de trepadeiras recortadas pendentes
Vindas de árvores com galhos vestidos de flores caladas dormentes
Elas cansadas se estendem enroladas nas madeiras dos troncos robustos
Sentem as brisas arejadas soalheiras que sopram suaves nos arbustos
Há um cheiro de Primavera no relvado que desfila o seu odor na vastidão do olhar
Quebrado pelo pontuado colorido de cada botão em flor a despontar
Um perfume floral sentido no rosto com o vento morno a bailar
A passarada a chilrear num cântico coral alegre que dá gosto de escutar
Tudo é lento neste romântico destino que me prende extasiada
Na verdade nem caminho vou andando por ali parada
Nem o vento que se serpenteia me surpreende e me move
Deixo-o atravessar o meu corpo onde se passeia e nem sequer me demove
E o prazer dos sentidos atinge o pensamento que abre as janelas do coração à Primavera
Para a acolher por entre os cortinados bordados floridos na lentidão da espera
Luísa Rafael
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Porto, Portugal