No colo da Poesia
No colo da Poesia
Adormeço num tronco cansado os sonhos onde docemente vagueio
Em cada estrada deste leito enrugado sigo lentamente o meu passeio
Fecho os olhos e esqueço o mundo parado de sombras que me rodeia
Numa redoma de galhos cruzados onde o astro delicadamente permeia
O céu lá em cima tem o verde carregado da bailarina folhagem
Por entre o azul arrastado que caminha e lhe desenha a margem
O vento assobia com a passarada por entre as frestas do arvoredo
Embalo o tempo esquecido neste colo lento que calo em segredo
Ali, eu nem sequer existo sobra o meu pensamento livre apenas
Que divaga a seu belo prazer pelas hastes proeminentes dos poemas
Um acolhimento de silêncio onde gotejam dores e mágoas guardadas
Em correntes de sentimento de águas transparentes paradas
E deixo-me ir pelo labirinto das letras em harmonia que sem papel escrevo
Simplesmente sinto dentro da pele uma brisa de poesia que sopro e simultâneamente bebo
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal