No colo da Poesia

No colo da Poesia

Adormeço num tronco cansado os sonhos onde docemente vagueio

Em cada estrada deste leito enrugado sigo lentamente o meu passeio

Fecho os olhos e esqueço o mundo parado de sombras que me rodeia

Numa redoma de galhos cruzados onde o astro delicadamente permeia

O céu lá em cima tem o verde carregado da bailarina folhagem

Por entre o azul arrastado que caminha e lhe desenha a margem

O vento assobia com a passarada por entre as frestas do arvoredo

Embalo o tempo esquecido neste colo lento que calo em segredo

Ali, eu nem sequer existo sobra o meu pensamento livre apenas

Que divaga a seu belo prazer pelas hastes proeminentes dos poemas

Um acolhimento de silêncio onde gotejam dores e mágoas guardadas

Em correntes de sentimento de águas transparentes paradas

E deixo-me ir pelo labirinto das letras em harmonia que sem papel escrevo

Simplesmente sinto dentro da pele uma brisa de poesia que sopro e simultâneamente bebo

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 23/03/2023
Código do texto: T7746823
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