Olhos dos sonhos vagos
Olhos dos sonhos vagos
É vasto o mar longínquo que toca delicadamente o infinito céu
Estende-se um no outro num olhar que é só meu
Na verdade nem eu sei onde ele acaba ou até começa
Me limito a observar a liberdade da maré que sempre regressa
Não sei se é a mesma ou se se deixa ficar para trás
É igual a onda mansa azulada que desfeita se refaz
Uma aliança perfeita esta dança calada que não se entende e me confunde
Uma água parada de espuma que preciso que docemente me inunde
Talvez assim se misture com a minha lágrima salina solta
Que empurre o vento indeciso e o traga de volta
Para a face do sorriso onde se passeiam os brilhos dos cabelos
Num enlace confuso de fios nas bocas em desnorteados novelos
Ondula uma ventania envolvente na solidão destes afagos
Voa a imaginação carente nos meus olhos dos sonhos vagos
Luísa Luisa Rafael
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Porto, Portugal