Pássaro Doido

Pássaro doido,

Doido eu.

Doido no desejo enviesado de amar,

Doido em vôo rasante,

Doido em vôo errante sem achar.

Razões que as razões da razão iracunda possa validar,

A doideira antiga e alegre que encanta o seu olhar.

Pássaro doido na sequidão das terras do coração,

Cavando poços,

Descobrindo córregos escondidos da razão,

Córregos que se transmutam em rios-mar,

Que se fazem no vai e vem do afã intermitente de amar.

Pássaro doido,

Doido eu,

Doidos nós.

Somos vozes, ecoando, no deserto a decantar,

A ausência voraz de um amor,

que nos afoga na solidão díade dessa dor,

Que paradoxalmente em nós mesmos não está...

Pássaro doido,

Até quando durará esta procura?

Até chegar o ápice da loucura?

Não! Só até quando tu,

Assim como eu,

Sejamos capazes de espraiar vida

Na vida do nosso eu-mar.

Autor: Edson Barreto Lima

Euclides da Cunha-Ba

Barretinho
Enviado por Barretinho em 12/12/2007
Código do texto: T774670