Uma Overdose de Beleza
Quero morrer de overdoses Poéticas
Dessas que vivem à margem, à disposição do descaso de homens suvinos e mesquinhos
Dessas que penetram as veias loucamente como um veneno infernal, louco e descomunal
Me dilacerando por dentro como uma tempestade em alto mar
Como redemoinhos numa seca na Caatinga a fazer túneis de poeiras com os cheiros do sertão
Uma Overdose Multipla
como um gole de ventanias de leveza
bem invisível
Como um pedaço de beleza ingerida com delicadeza a penetrar meus poros
Como uns pedaços de versos rasgados e remendados
Quero morrer de overdose
diante do por do sol anunciando outros amanheceres
Diante da lua como feitiço incomum
Quero morrer de overdoses
escancaradas e abertas, tortas e incertas, absolutamente sozinhas
Uma Overdose,
apenas Uma
Para eu morrer leve com todos os Gozos e Dores,
Risos e Lágrimas
Sorrisos
E chorar com o prazer
de confessar com todas as letras , com todos os ecos , com todos os gritos
que vivi cada instante
nutrido por um super dose
forte e leve
bela e suave
E gritar até às últimas estrelas
Que morri com uma overdose
de Beleza
E nu de corpo e alma
Apresentar - me aos céus impregnado com a heresia
de morrer intoxicado,
bêbado e amarrotado,
único e descomunal
mas convicto
invicto
De não seguir a cegueira dos que tem olhos e não enxergam
Dos que tem Almas e nada sentem
Dos que tem Corações e moram ao relento das razões
sem sentido
De viver encurralados
E mortos com suas asas sem nunca terem voado
sem overdose de poesia,
Sem ter se tostado com versos do cotidiano que exalam e pulverizam nuances de Beleza