Uma Overdose de Beleza

Quero morrer de overdoses Poéticas

Dessas que vivem à margem, à disposição do descaso de homens suvinos e mesquinhos

Dessas que penetram as veias loucamente como um veneno infernal, louco e descomunal

Me dilacerando por dentro como uma tempestade em alto mar

Como redemoinhos numa seca na Caatinga a fazer túneis de poeiras com os cheiros do sertão

Uma Overdose Multipla

como um gole de ventanias de leveza

bem invisível

Como um pedaço de beleza ingerida com delicadeza a penetrar meus poros

Como uns pedaços de versos rasgados e remendados

Quero morrer de overdose

diante do por do sol anunciando outros amanheceres

Diante da lua como feitiço incomum

Quero morrer de overdoses

escancaradas e abertas, tortas e incertas, absolutamente sozinhas

Uma Overdose,

apenas Uma

Para eu morrer leve com todos os Gozos e Dores,

Risos e Lágrimas

Sorrisos

E chorar com o prazer

de confessar com todas as letras , com todos os ecos , com todos os gritos

que vivi cada instante

nutrido por um super dose

forte e leve

bela e suave

E gritar até às últimas estrelas

Que morri com uma overdose

de Beleza

E nu de corpo e alma

Apresentar - me aos céus impregnado com a heresia

de morrer intoxicado,

bêbado e amarrotado,

único e descomunal

mas convicto

invicto

De não seguir a cegueira dos que tem olhos e não enxergam

Dos que tem Almas e nada sentem

Dos que tem Corações e moram ao relento das razões

sem sentido

De viver encurralados

E mortos com suas asas sem nunca terem voado

sem overdose de poesia,

Sem ter se tostado com versos do cotidiano que exalam e pulverizam nuances de Beleza

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 22/03/2023
Reeditado em 24/03/2023
Código do texto: T7746326
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