JANELA DA VIDA
Olhei pela janela da vida e vi algo obscuro, mas antes que ficasse nítido o que seria fechei-a depressa, tive medo de que fossem revelados os teus segredos aos meus límpidos olhos. Eles me tiram a paz, fazem doer a minha alma e corroem os meus sentidos, são como os bramidos do leão e dos seus filhotes quando têm fome e a leoa se põe a caçar depois de longos dias de abstinência. Agora olhe por ela você, o que vês? Porventura dias abreviados por causa dos clamores justos ou dissipação dos tempos em virtude das loucuras? Quer vivas ou morras separada estás sem herança, tal qual a serpente que vive sorvendo o pó, mas mesmo rastejante ainda foi reputada como prudente. Se tem olhos turvos não verás detalhes, escancarem-se, abram-se largamente os caixilhos e deixem que vislumbrem os incautos.