Eu, fora de Órbita
Narciso ferido,
demente, doente, ferido, dolorido
Eu, fora do eixo, sem eixo
Fora do Circuito
Eu, oculto, sem esconderijo rígido
Fora de Órbita, sem marcas de desertos macabros
Sem Cerca, sem Muro, sem Rédeas, sem Cabrestos
Eu, narciso sem flor nos lábios
Cheio de nódoas nos caminhos
Cheio de cicatrizes e desvios
De gente cega que vive da ilusão de ser o que não é
Manada sem prumo
Boiada sem rumo
Alumiação funesta
Enforcados os destinos
E as sinas devoradas
pelo ritmo seriamente
finito
E eu aqui
Sem a doçura da razão que cega
um deus - Tolo em pleno dia solar!
Com fome e com sede
Ah, essa fome
Ah, essa sede
Que não se sacia
Essa fome, essa sede de Poesia
que alumia os meus dias