Eu, fora de Órbita

Narciso ferido,

demente, doente, ferido, dolorido

Eu, fora do eixo, sem eixo

Fora do Circuito

Eu, oculto, sem esconderijo rígido

Fora de Órbita, sem marcas de desertos macabros

Sem Cerca, sem Muro, sem Rédeas, sem Cabrestos

Eu, narciso sem flor nos lábios

Cheio de nódoas nos caminhos

Cheio de cicatrizes e desvios

De gente cega que vive da ilusão de ser o que não é

Manada sem prumo

Boiada sem rumo

Alumiação funesta

Enforcados os destinos

E as sinas devoradas

pelo ritmo seriamente

finito

E eu aqui

Sem a doçura da razão que cega

um deus - Tolo em pleno dia solar!

Com fome e com sede

Ah, essa fome

Ah, essa sede

Que não se sacia

Essa fome, essa sede de Poesia

que alumia os meus dias

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 19/03/2023
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T7743612
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.