Eu, Fora da Ordem

Fora do circuito

Fora da paisagem

Eu, fora !

Sempre Fora

Fora do circuito

Fora de linha

Sempre Fora!

Fora da Ordem

Fora da Razão!

Aliás, sem razão nenhuma

Não louvo rigores

Não louvo louvores

Nem rituais, nem liturgias

Odeio cartilhas

Não trilho por ditames

Tenho faro por estreitezas

Tenho faro por poéticas de inutilidades

Gosto de remar sob os ventos das incertezas

Odeio convicções

Sou do mato e danço com pássaros e beijo flores

Bebo erros

E vomito certezas cegas que só cortam asas

Odeio regras, metas,

Insuportáveis são todos ritos malditos com cheiros de prisões

Insuportáveis são as cercas, os muros,

Insuportáveis são as rédeas, os cabrestos, as paredes

Não me prendo as cegueiras das certezas

Gosto de erros, gozo com eles, danço sob seu lumiar ao redor de estrelas quem dançam no chão onde meus pés pulsam e latejam por versos

Não tenho medo, sou leve como as asas que parem incertezas,

que compõem a poesia que me nutre

Sou fora das linhas retas

Tenho cio por rios que exalam poesias como via

Não me caibo em corredores

Me sufocam seus lugares

Não me vicio em louvores

que se derretem por rigores levianos

Odeio convicções estreitas certezas ocas

verdades toscas

Interesses sórdidos

E homens pobres por só terem dinheiro !

Detesto verbos rotos sem o pulsar da Beleza

Estou fora

Me irritam flores ausentes

Me irritam as pétalas nos trilhos da inutilidade de pobres homens de poesia são bastardos

Me irritam as folhas secas com destinos sujos e marcados

Estou fora!

Mas, orgulhoso como um doido

Como um maluco que não se encarcera nos trilhos esguios

e desnutridos pela ausência de poesia

Estou fora !

Agora , amanhã e eternamente fora

Dessa lógica patética e ridícula

Sou herege

Sou um feio palhaço poeta

sem vitrines, sem holofotes

E sem a poeira das esquinas onde lucros criam rugas

na alma

e esvaziam a rendição do homem em seu ninho de medo

erguido sob o segredo rasgado perante os gritos de um futuro esfarrapado !

Não me caibo em mim mesmo

Sou morador fora da rota de minha obediência

Eu, fora da ordem

Fora do eixo

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 18/03/2023
Reeditado em 18/03/2023
Código do texto: T7743311
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