Estou no Cio
Amanheci com fome de Poesia
Com tanta fome, sem comer poesia, estou anêmico, desvitalizado, desnutrido, desidratado
Estou pálido, seco, magro
Esquelético !
Sem poesia a minha alma fica sem cor, sem vigor, sem calor
Preciso respirar o perfume que um instante poético me aguça
Sua falta me desestruturou, me desanimou, me levou à pequeneza de quem já sou
Ainda bem que sentir a ausência do seu pulsar que tanto expele átomos de rara beleza
Ontem eu sorri com os passarinhos, seu canto me excita, me enlouquece e diviniza meus amanheceres
Tenho cio aceso por poesia
Comer e beber não me sacia, tenho intolerância por saciedade poética
Preciso de poesia, tenho gula, tenho obsessão
Tenho fome, tenho sede
Tenho tara
Tenho gana
Tenho desejo por estrelas quando elas estão a cair do firmamento pra virem dançar comigo na escuridão clarão -noturno
Tenho fome por perfumes de orvalhos frescos e leves
Tenho fome por pétalas azuis
alaranjadas amarelas douradas
As pétalas me nutrem,
me orientam e me inquietam
Estou no cio, estou deserto
Estou excitado, louco, doido, tresloucado
Estou no cio
Só a poesia me causa êxtase
Só a poesia me faz gozar multiplas horas sem demora,
me arrepia a pele
Gozar com poesia me faz eterno, sereno, leve, eterno
Com a agonia que me faz pulsar a alma, e os medos sucumbem
Morimbundos se tornam
E abrem - se portas
Destroem - se muros
Caem as rédeas e os cabrestos emudecem
E perecem as tristezas
E inutilizam os venenos da frieza do homem ríspido e inóspito
Sem degustar poesia eu me apavoro
E fruir os instantes
E gozar os momentos
E fazer as nuvens rirem
da poesia que emana das entranhas dos meus dias
E agora minha libido é pela Boniteza de versos sem muros, sem paredes e sem livros
Tenho libido por boniteza de poesia
que está nas cores
que surgem dos ares,
que emanam dos poros
dos instantes
que se fazem parir dos úteros do tempo mestre em tecer estados Poéticos em cada pedaço de chão !
Porque está em mim
O sussurro poético dos gozos
que me geraram em noites de sertão
Ainda grita em minha alma
os gemidos efêmeros dos prazeres que me geraram
que se eternizam e protagonizam esse meu desejo de gozar a vida com leveza e poesia
Por isso o meu cio faz - se luz
encarnada como extesia
em fome, em sede, em gana
E vivo a existência cotidiana dos meus dias calorentos
Pulsando gritando urrando sussurrando o delírio em cores com o gosto da beleza da poesia como alimento único ímpar singular
na pluralidade
de mim
Sou um prostituto da beleza
da poesia saciar
todos os meus impulsos
de teimosia
de como homem compor a vida
como um esteta simples e vulgar