Porta das flores dos amantes

Porta das flores dos amantes

Um dia sem aviso tocarás com o vento à porta debruada das flores

Onde crescem trepadeiras de envolvimento com a rega demorada das dores

Elas enfeitam a entrada de madeiras por entre os perfumes de açucenas

Nas suas pétalas puras soalheiras os meus olhos escrevem poemas

Foram horas cansadas que ofereci às ventanias lentas da desilusão

Com as esperanças sedentas de te ter abraçado em alegrias no meu coração

Como teria sido encantador viver a Primavera em botão contigo naquele breve recanto

Com um cheiro morno abafado de amor vivido num alegre encanto

Por estranho que pareça ainda por lá fico num alento contemplativo

Agarrada a um engano que me serpenteia num abraço iludido

E que vagueia num espaço de vontade num movimento perdido

Numa liberdade que se passeia à espera que venhas ter comigo

Claro que o sentimento bem que desconfia e nada é como dantes

Ai, mas eu sei que o amor sempre vem e confia na porta das flores dos amantes

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 16/03/2023
Código do texto: T7741336
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