Porta das flores dos amantes
Porta das flores dos amantes
Um dia sem aviso tocarás com o vento à porta debruada das flores
Onde crescem trepadeiras de envolvimento com a rega demorada das dores
Elas enfeitam a entrada de madeiras por entre os perfumes de açucenas
Nas suas pétalas puras soalheiras os meus olhos escrevem poemas
Foram horas cansadas que ofereci às ventanias lentas da desilusão
Com as esperanças sedentas de te ter abraçado em alegrias no meu coração
Como teria sido encantador viver a Primavera em botão contigo naquele breve recanto
Com um cheiro morno abafado de amor vivido num alegre encanto
Por estranho que pareça ainda por lá fico num alento contemplativo
Agarrada a um engano que me serpenteia num abraço iludido
E que vagueia num espaço de vontade num movimento perdido
Numa liberdade que se passeia à espera que venhas ter comigo
Claro que o sentimento bem que desconfia e nada é como dantes
Ai, mas eu sei que o amor sempre vem e confia na porta das flores dos amantes
Luísa Rafael
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Porto, Portugal