A secura seca da reta

A cegueira da linha

Que não se alinha

A miopia da reta

A anemia das linhas

Sem namorar as curvas

Na turva nervura

Na turva clausura abissal

da reta, da seta, da meta

na certeza cega ilusão

E a linha reta seca desnutrida e esquelética de poesia

Raquítica de beleza

Sombria a fria e feia e lisa

Sem vida descolorida

desprovida pálida anêmico e oca sem o feitiço diverso

que rompe, transgride e enlouquece

E as curvas

E as retas insossas de tão retas

bolorentas de tão retas

E ambas as linhas estão certas

na correnteza brava de cada olhar mirrado ou encolhido, florado ou desflorido

Na exatidão de cada uma ser

Curva - Linha

Linha - Curva

Resta ao tempo ensinar

e a gente aprender

Que não há reta tão reta tão certa

E nem curva tão exata

Ambas guardam em si de cada uma o que lhe resta

Na embriaguez da linha exata

Na exatidão da curva que turva a reta visão dos não poetas !!!

Que não há curva tão poética

que não carregue em si o néctar do diverso redemoinho da inexatidão exata de cada coisa ser exatamente o que é

Turbilhão de beleza

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 14/03/2023
Reeditado em 14/03/2023
Código do texto: T7739818
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