A secura seca da reta
A cegueira da linha
Que não se alinha
A miopia da reta
A anemia das linhas
Sem namorar as curvas
Na turva nervura
Na turva clausura abissal
da reta, da seta, da meta
na certeza cega ilusão
E a linha reta seca desnutrida e esquelética de poesia
Raquítica de beleza
Sombria a fria e feia e lisa
Sem vida descolorida
desprovida pálida anêmico e oca sem o feitiço diverso
que rompe, transgride e enlouquece
E as curvas
E as retas insossas de tão retas
bolorentas de tão retas
E ambas as linhas estão certas
na correnteza brava de cada olhar mirrado ou encolhido, florado ou desflorido
Na exatidão de cada uma ser
Curva - Linha
Linha - Curva
Resta ao tempo ensinar
e a gente aprender
Que não há reta tão reta tão certa
E nem curva tão exata
Ambas guardam em si de cada uma o que lhe resta
Na embriaguez da linha exata
Na exatidão da curva que turva a reta visão dos não poetas !!!
Que não há curva tão poética
que não carregue em si o néctar do diverso redemoinho da inexatidão exata de cada coisa ser exatamente o que é
Turbilhão de beleza