Inverno
Devagarinho entra a soluçar
E com ele, minh’alma sombria
Deixou de ver o intenso Luar
Nesta noite de melâncolia e fria
Deixei de ver ainda o céu estrelado
E até a minha estrelinha,
Que nunca me havia abandonado,
Não se mostra, esconde-se à noitinha.
Oiço lá fora o vento a gargalhar
Cantando-me na alma, aquela sinfonia...
Sinto-a assim, talvez por ironia,
Que me faz rir e faz chorar
Deixei de ouvir, a cigarra cantar
Em noite de tempestade vinda do norte
E me levara o luminoso Luar...
Noite de pesadelo e agonia forte
Há ainda a ausência da andorinha
Com o ruidoso e alegre chilrear
Neste momento voando, caminha
Pr’a terras longìnquas d’ além mar
Tudo se transforma... escurece
Ah! Como é feio assim o mundo
Minh’alma envolta num véu profundo
Agonizo... quando ele não aparece
Este amargo sentimento que tenho
P’la sua chegada...eu pressinto,
Sofro, quero-te... é estranho!
Irónicamente...é o que sinto...