A BORBOLETA AZUL
Ainda é cedo para partir
e o último ônibus que passou eu perdi
Não tenho pressa
aonde queria chegar já cheguei
e agora vou apreciar a paisagem
do resto da estrada que me resta
Já fui mais afoitado
rápido, açodado e acelerado
mas agora que dobrei a derradeira curva
vou calmo seguindo a borboleta azul
com asas contornadas em preto
igual a que vi no jardim da infância
por onde brincava meu lembrável menino
Continuo seguindo em frente
pois para atrás não é meu destino
e vou deixando versos pisados no chão
que logo serão levados pelo vento
ou pelas chuvas do próximo verão
Para que pressa ou urgência
se fosse por mim daqui saía não
tenho tudo o que quero
talvez seja melhor andar na contramão
Mas quando se apagar a luz do lampião
e o infinito for apenas escuridão
vou para o lado detrás das nuvens
voar com a outra borboleta azul
em um céu diferente do então