A BORBOLETA AZUL

Ainda é cedo para partir

e o último ônibus que passou eu perdi

Não tenho pressa

aonde queria chegar já cheguei

e agora vou apreciar a paisagem

do resto da estrada que me resta

Já fui mais afoitado

rápido, açodado e acelerado

mas agora que dobrei a derradeira curva

vou calmo seguindo a borboleta azul

com asas contornadas em preto

igual a que vi no jardim da infância

por onde brincava meu lembrável menino

Continuo seguindo em frente

pois para atrás não é meu destino

e vou deixando versos pisados no chão

que logo serão levados pelo vento

ou pelas chuvas do próximo verão

Para que pressa ou urgência

se fosse por mim daqui saía não

tenho tudo o que quero

talvez seja melhor andar na contramão

Mas quando se apagar a luz do lampião

e o infinito for apenas escuridão

vou para o lado detrás das nuvens

voar com a outra borboleta azul

em um céu diferente do então

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 11/03/2023
Reeditado em 12/03/2023
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