Como a garça

A garça que voa,

sobrevoa a água parada

e procurando o peixe para comer,

tem que pousar e andar à procura

do alimento que lhe dá o sustento e

vai garantindo a sobrevivência.

A beleza da vida reside na garça,

que em encantos e graça, sabe viver.

Com sua plumagem tão branca tão alva,

sem preocupações com o amanhã.

Se seca a água,alça vôo

E,das alturas,procura.

No seu visual restrito, a alma

nunca planeja, porém sabe enxergar,

onde há o alimento para si e para

o rebento que tem que criar.

Como a garça que voa

em plenas alturas

o urubu também está à procura,

da alimentação, dejetos do mundo,

a podridão que lhe garante a vida

e a procriação.

A garça ensina o homem a viver,

sem saber o porquê.

com clara plumagem,

com pernas compridas, andando nas águas,

sempre nas rasuras, está à procura,

sempre atenta ao alimento.

O peixe que nada não sabe do perigo que corre,

pois pode morrer a qualquer momento

e servir de alimento

ao próprio irmão.

Qual garça que voa,

meu canto destoa,

sem a sinfonia.

E, no mundo em que vivo,

eu sinto a agonia do meu dia-a-dia.

Procurando viver no mundo de normas,

pautado em rumos e com isso sofro,

por ver sofrimento no mundo do meio.

Não podendo voar em meu corpo físico,

vôo em espírito nos píncaros mais altos,

com meu pensamento.

O corpo que me guia entorpece os sentidos

e sofro calado.

Pensando o por quê de tal sofrimento,

embora atento, não sei encontrar

o motivo sem ver o sorriso,

maldoso e safado,

que vejo nos lábios brotar.

Não posso explicar o que sinto,

mas sinto e isso me basta.

É isso o que importa,

não o julgamento de outro,

igual ou pior.

Em plenas alturas nas asas do espírito,

observo o mundo em que vivo.

E aflito sorrio.

Sorriso forçado

e lágrimas que correm,

para cair no vazio.

11/08/82

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 28/11/2005
Código do texto: T77377