Ama"dor"ismo
Sinto-me digna
Sou profundamente feliz por ser infeliz
Sofro, por ter conhecimento
São raros os que detém
Mesmo, alguns de idade mais avançada
Só queira imaginar
Como os da minha idade teriam?
Aquela "pedra no meio do caminho"
Aquele "meio do caminho em que tinha uma pedra"
Que tantos não compreendem
Carlos Drummond de Andrade, sabia bem o que dizia
Nem precisou de muito para dizer
"Conhecer", é a mais cruel virtude
Mutuamente, a melhor...
Escrava, posso parecer por fora
Dentro, sou liberta
A única prisão, a qual, sou eu supliciada é a do sentir e saber...
Deveras, não sou uma tola
Entretanto, enclausurada neste padecer
Espontaneamente
Naturalmente
Ingenuamente?
Queria eu fingir dor
Queria que fosse um pessimismo "em sentido conotativo"
Denotação, tão atrevida
Ânsia crescente
Vã?
Sem sentido?
Tão só deste mundo?
Nunca imaginei ser poeta
Vocação? Parecia nem existir
Quem escreve?
Escreve à quem?
O que escreve?
Escreve o quê?
Não posso possuir a aprazível sensação de saborear a vida?
Nego-me
Vivo por alguma coisa
Me perturba "o real"
Mais ciente sou
Que "des"criação se põe à minha frente?
Estes "des", que sofrívelmente compreendo...
Amar
Ama"dor"ismo
Prefiro
O "re"conhecimento, tem sido constantemente inútil...