Ama"dor"ismo

Sinto-me digna

Sou profundamente feliz por ser infeliz

Sofro, por ter conhecimento

São raros os que detém

Mesmo, alguns de idade mais avançada

Só queira imaginar

Como os da minha idade teriam?

Aquela "pedra no meio do caminho"

Aquele "meio do caminho em que tinha uma pedra"

Que tantos não compreendem

Carlos Drummond de Andrade, sabia bem o que dizia

Nem precisou de muito para dizer

"Conhecer", é a mais cruel virtude

Mutuamente, a melhor...

Escrava, posso parecer por fora

Dentro, sou liberta

A única prisão, a qual, sou eu supliciada é a do sentir e saber...

Deveras, não sou uma tola

Entretanto, enclausurada neste padecer

Espontaneamente

Naturalmente

Ingenuamente?

Queria eu fingir dor

Queria que fosse um pessimismo "em sentido conotativo"

Denotação, tão atrevida

Ânsia crescente

Vã?

Sem sentido?

Tão só deste mundo?

Nunca imaginei ser poeta

Vocação? Parecia nem existir

Quem escreve?

Escreve à quem?

O que escreve?

Escreve o quê?

Não posso possuir a aprazível sensação de saborear a vida?

Nego-me

Vivo por alguma coisa

Me perturba "o real"

Mais ciente sou

Que "des"criação se põe à minha frente?

Estes "des", que sofrívelmente compreendo...

Amar

Ama"dor"ismo

Prefiro

O "re"conhecimento, tem sido constantemente inútil...

Gisele Maria
Enviado por Gisele Maria em 11/03/2023
Reeditado em 12/03/2023
Código do texto: T7737640
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