AVÔ ADELMO
Ele postava-se à janela e
olhava a praça lá fora.
Tinha perdido a companheira,
minha avó. Com ela vivera
uma vida inteira. Seus olhos
tinham, nesta época,
um certo brilho triste.
Mas, nos tratava aos netos
com intenso carinho.
Tinha para ajudá-lo uma
tia minha, com problema
de surdez. Amávamos todos
a esta tia, com um amor
filial, quase devoto.
Mas nunca interessados
no que a tia nos desse.
E quando o avô faleceu
nós todos, as crianças,
nos vimos reunidas
no funeral, todos tristes.
A tia foi para a casa de uma irmã
minha, eu fiquei com minha mãe
e um irmão. E, à noite,
eu rezo até hoje o terço
pelas almas da família
incluindo agora a do avô Adelmo.
Moeda, 10/03/2023.